quarta-feira, 30 de julho de 2008

Absurdo – Vanessa da Mata

Havia tanto pra lhe contar
A natureza
Mudava a forma o estado e o lugar
Era absurdo

Havia tanto pra lhe mostrar
Era tão belo
Mas olhe agora o estrago em que está

Tapetes fartos de folhas e flores
O chão do mundo se varre aqui
Essa idéia do natural ser sujo
Do inorgânico não se faz

Destruição é reflexo do humano
Se a ambição desumana o Ser
Essa imagem de infértil deserto
Nunca pensei que chegasse aqui

Auto-destrutivos,
Falsas vitimas nocivas?

Havia tanto pra aproveitar
Sem poderio
Tantas histórias, tantos sabores
Capins dourados

Havia tanto pra respirar
Era tão fino
Naqueles rios a gente banhava

Desmatam tudo e reclamam do tempo
Que ironia conflitante ser
Desequilíbrio que alimenta as pragas
Alterado grão, alterado pão

Sujamos rios, dependemos das águas
Tanto faz os meios violentos
Luxúria é ética do perverso vivo
Morto por dinheiro

Cores, tantas cores
Tais belezas
Foram-se
Versos e estrelas
Tantas fadas que eu não vi

Falsos bens, progresso?
Com a mãe, ingratidão
Deram o galinheiro
Pra raposa vigiar

P.S. A cantora e compositora desta música é mato-grossense e a fez quando reviu sua cidade natal. A realidade do nosso Estado que tanto cresce e produz grãos, é também devastora em detrimento à natureza. Somos campeões na produção de soja e das queimadas, desmatamentos....que ironia conflitante? Temos inúmeros rios poluídos que desaguam no Pantanal, berço da vida de raras espécies. Como ela diz, dependemos dessas águas........Será que o dinheiro irá conseguir comprar a natureza de volta? Somos o 5º país que mais polui em função das queimadas na Amazônia. Enquanto escrevo, milhares de árvores estão sendo derrubadas e virando fogueira. Ano após ano isto se repete. Em 2007, o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães (criado em 1989 e protegido, como a maioria deles, apenas no papel) foi vítima de um incêndio criminoso que destruiu uma área imensa de sua reserva, com o clima árido e sem perspectiva de chuvas, passo a temer por ele. Ecologista de coração, assim me defino, passei a admirar e respeitar essa terra, com tantas riquezas e belezas naturais. Somos abençoados em poder disfrutar de um paraíso repleto de rios e cachoeiras com águas límpidas e me revolta ver tanto lixo e desprezo. Vivo me perguntando, até quando a nossa nave mãe aguentará tamanhas agressões? Pobres dos nossos filhos e netos.......precisamos agir.

Banheira de espuma




terça-feira, 29 de julho de 2008

Luisa


















Rua,
Espada nua
Boia no céu imensa e amarela
Tão redonda a lua
Como flutua
Vem navegando o azul do firmamento
E no silêncio lento
Um trovador, cheio de estrelas
Escuta agora a canção que eu fiz
Pra te esquecer Luiza
Eu sou apenas um pobre amador
Apaixonado
Um aprendiz do teu amor
Acorda amor
Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração

Vem cá, Luiza
Me dá tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza
Dá-me tua boca
E a rosa louca
Vem me dar um beijo
E um raio de sol
Nos teus cabelos
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar
Luiza
Luiza (Antonio Carlos Jobim-1981)




















quinta-feira, 24 de julho de 2008

Férias - Chapada dos Guimarães - julho 2008







Ya, Lu e Pi em os pirulitos.......
estavam nervosas!
Muita saudade......
desses momentos.
"Meninas da minha vida"














Paixão

Por árvores antigas, por avelã, chocolate, castelos, lealdade. Paixão pelo silêncio na hora certa, pela piada na hora errada, paixão pelas gargalhadas cúmplices. Paixão pela lua, pelas mudanças, pelo verso que passou e estamos em outro planeta. Paixão pela Poesia e pela Prosa, e, fatalmente, pela perdição entre as duas. Paixão por perfumes, andar na praia à noite, perder-me no tempo escrevendo ou lendo, a paixão pelos livros é confidente. Paixão pela liberdade, pela total falta de regras, mas paixão pela lealdade e pela força de espírito. Paixão menos pelo que é falado, mais pelo que é sentido. (texto:Ernesto Diniz)

........paixão pela vida, pelos filhos, por viajar, por uma manga bourbon escorrendo pelas mãos, por vinhos.....hum....em qualquer parte do mundo.......a qualquer hora........Nos anos 1980 uma canção do Kleiton e Kledir fez muito sucesso.....tema homônimo ao texto acima, os gaúchos diziam: amo tua voz e tua cor e o teu jeito de fazer amor........tens um não sei que de paraíso e o corpo mais bonito que o mais lindo dos mortais......deleite aos apaixonados, atemporal.......a música.....esse elo de ligação com o passado!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Quem é essa mulher.....

Quem duvida da força da mulher? A libertação de Ingrid Betancourt depois de seis anos refém dos narco-guerreilheiros das Farc é prova da resistência, resiliência e força desta mulher. A vontade de viver, rever seus filhos e o sonho de libertação foram alimento pra tanto sofrimento, humilhação e dor.
Alguém já se colocou no lugar dela? Imaginem ter a liberdade ceifada brutalmente, e conviver com a possibilidade de nunca mais rever sua família, sentir o calor, o cheiro, o amor dos filhos?
Quanta angústia, desespero, dia após dia num cativeiro em plena floresta, cercada de animais, no sentido amplo da palavra, pois esses guerrilheiros para mim são piores, os animais só atacam e matam por fome. Sem essa de ideologias, luta armada, são terroristas, criminosos, assassinos.
Como mãe me emociono só de vê-la, como mulher invejo sua força. Vivemos essa insegurança, essa banalização da vida, e todos os dias nos deparamos com notícias que nos chocam e só nos resta perguntar: até quando?
Ao assistir o seu reencontro com os filhos, e a entrevista, uma frase que me marcou foi quando ela disse que a libertação havia sido “um milagre de Deus”.
Estamos todos a espera de milagres. Outro dia li numa revista a entrevista com o Contardo Calligaris, (escritor e psicanalista), e ele foi enfático ao dizer que o amor é o maior agente de transformação, não do outro, mas de nós mesmos. Está faltando amor no mundo, me pergunto? Cristo morreu por amor há dois mil anos atrás, é pouco?
Só nos resta fazer a nossa parte, e criarmos menina(o)s melhores nesse mundo tão frágil, com a natureza nos provando que é chegado o momento. A vida pede socorro e a Terra também, um depende do outro........

P. S. Quero parabenizar todas as pessoas que lutam pela libertação das vítimas de violência no mundo todo. Com Ingrid percebemos que vale a pena lutar, precisamos dessa força. Fiquem com Deus.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

TODO CASAL DEVERIA LER...

Aos casados há muito tempo
aos que não casaram, aos que vão casar,
aos que acabaram de casar, aos que pensam em se separar,
... aos que acabaram de se separar, aos que pensam em voltar...


Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga. Tudo o que todos querem é amar. Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras. Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado. Tem algum médico aí? Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o que?
O amor. Mas não o amor mistificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar. O que sobra é o amor que todos conhecemos, o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho. É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo. Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.
A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.
Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência... Amor, só, não basta.
Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar. Amar, só, é pouco.
Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar. Entre casais que se unem visando à longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar, 'solamente', não basta.
Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, falta discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.
Um bom amor aos que já têm! Um bom encontro aos que procuram! E felicidades a todos nós!

P. S. Guardo esse texto há quatro anos, e de tempos em tempos leio para refletir.......o querido Arthur da Távola se foi este ano, e vai deixar saudades.......faço neste momento uma homenagem a esse grande escritor, político e acima de tudo um expert em música clássica. Ficamos mais pobres!!!!